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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Recordando da Audiência do Papa João Paulo I - 06 de setembro de 1978



PAPA JOÃO PAULO I
AUDIÊNCIA GERAL
Quarta-feira, 6 de Setembro de 1978
A grande virtude da humildade

    À minha direita e à minha esquerda há Cardeais e Bispos, meus irmãos no episcopado. Eu sou apenas o irmão mais velho. Para eles vai a minha saudação afetuosa, para eles e para as suas dioceses.
    Há exatamente um mês, em Castel Gandolfo, morria Paulo VI, grande Pontífice, que prestou à Igreja, em 15 anos, serviços enormes. Os efeitos já agora se vêem em parte, mas eu creio que se verão especialmente no futuro. Todas as quartas-feiras vinha ele aqui e falava à gente. No Sínodo de 1977 vários Bispos disseram: "os discursos do Papa Paulo, nas quartas-feiras, são verdadeira catequese adaptada ao mundo moderno". Procurarei imitá-lo, na esperança de poder também eu, dalgum modo, ajudar a gente a tornar-se melhor.
   Para sermos bons precisamos, porém, de estar no nosso lugar diante de Deus, diante do próximo e diante de nós mesmos. Diante de Deus, a posição justa é a de Abraão, que disse: "Sou somente pó e cinza diante de ti, ó Senhor!". Pequenos mesmo é que devemos sentir-nos diante de Deus. Quando digo "Senhor, eu creio", não me envergonho de sentir-me como criança diante da mãe. Acredita-se na mãe, eu acredito no Senhor, naquilo que ele me revelou. Os mandamentos são um pouco mais difíceis, algumas vezes bastante difíceis de observar; mas, se Deus no-los deu, não foi por capricho, não foi por interesse seu, mas unicamente por interesse nosso.
     Um sujeito foi uma vez comprar um automóvel a um agente. Este fez-lhe um discurso: "Olhe que o automóvel é muito bom, trate-o bem. Sabe: gasolina 'super' no depósito; e nas junturas óleo do fino". O comprador respondeu: "Oh, não, fique sabendo, eu nem o cheiro da gasolina posso aguentar, e o do óleo também não; no depósito deitarei vinho espumante, de que tanto gosto, e as junturas untá-las-ei com marmelada". "Faça como quiser, responde o vendedor; mas não venha lamentar-se, se vier a parar num precipício com o seu automóvel". O Senhor fez coisa semelhante connosco: deu-nos este corpo, animado por uma alma inteligente, uma vontade boa. Disse: "É boa, mas trata-a bem, esta máquina". Eis os mandamentos: honrar pai e mãe, não matar, não se irar, ser delicado, não dizer mentiras, não roubar... Se fôssemos capazes de observar os mandamentos, andaríamos melhor nós e andaria também melhor o mundo.
    Depois, há o próximo e a três níveis: alguns estão acima de nós, alguns estão ao nosso nível, e outros estão abaixo. Acima estão os nossos pais. O catecismo dizia: respeitá-los, amá-los, obedecer-lhes. O Papa deve inculcar respeito e obediência dos filhos aos pais. Dizem-me que estão aqui os meninos de coro de Malta. Venha aqui um, por favor... Os meninos de coro de Malta que, por um mês, fizeram serviço em São Pedro. "Então, tu. como te chamas?". — "James!". — "James. Estiveste alguma vez doente?". — "Não". — "Ah, nunca?". — "Não". — "Nunca estiveste doente?. - "Não". — "Nem sequer alguma febre?". — "Não". — "Oh, que felizardo! Mas, quando um menino está doente, quem é que lhe leva uma pouca de sopa, os remédios? Não é a mãe? Ora vê: Tu virás a ser grande e a mãe ficará velhinha. Tu serás um grande senhor, e a mamã, pobrezinha, estará doente na cama. Quem é que então lhe levará uma xícara de leite e os remédios? Quem?". — "Eu e os meus irmãos". — "Bravo! Ele e os seus irmãos: assim disse. Gosto de ouvir isso. Compreendeste?".
    Mas não sucede sempre assim. Eu, sendo Bispo de Veneza, ia algumas vezes ao asilo. Uma vez encontrei uma doente, uma velhinha. — "Como está, senhora?". — "Bem, de comer bem. Calor.., aquecimento...: bem". — "Então está contente, senhora?". — "Não" — e pôs-se quase a chorar. — "Mas porque chora?". — "A minha nora, o meu filho não vêm nunca ver-me. Queria ver os netinhos". Não basta o calor, a comida, há o coração; é necessário pensar também no coração dos nossos velhos. O Senhor disse que os pais devíamos respeitá-los, amá-los, mesmo quando velhos.
   Além dos pais, há o Estado, e há os Superiores. Pode um Papa recomendar obediência? Bossuet, que era um grande Bispo, escreveu: "Onde ninguém manda, todos mandam. Onde todos mandam, ninguém manda, temos o caos". Algumas vezes vê-se também neste mundo alguma coisa deste género: Respeitemos, por conseguinte, aqueles que são nossos superiores.
   Depois, há os nossos iguais. E nisto, ordinariamente, são duas as virtudes que temos de observar: justiça e caridade. Mas a caridade é a alma da justiça. É necessário querer bem ao próximo, o Senhor tanto no-lo recomendou. Eu recomendo sempre, não só as grandes caridades, mas também as pequenas caridades. Li num livro, escrito por Carnegie, autor americano, intitulado "A arte de fazer amigos", este episodiozinho: Uma senhora tinha quatro homens em casa: o marido, um irmão, e dois filhos grandes. Ela sozinha fazia as compras, ela lavava e passava a roupa, ela cozinhava, ela fazia tudo. Um domingo, entram eles em casa. A mesa está preparada para o almoço, mas no prato há só um punhado de feno. "Oh!", protestam e dizem: "Que é isto? Feno!". "Não, está tudo preparado, replica a senhora. Deixai que vos diga: esforço-me, vario os pratos, tenho-vos limpos, faço todos os ofícios. Nunca, nem uma vez dissestes: 'preparaste-nos um bom almocinho'. Dizei alguma coisa! Não sou de pedra. Trabalha-se de melhor vontade, quando se encontra reconhecimento". São as pequenas caridades. Na nossa casa, todos temos alguém que espera um cumprimento.
    Há também os mais pequenos que nós. Há as crianças, os doentes, até os pecadores. Como Bispo, estive muito perto também dos que não crêem em Deus. Fiquei com a persuasão que estes muitas vezes combatem não Deus mas a ideia errada que têm de Deus. Quanta misericórdia é preciso ter! E também os que erram... É necessário sermos verdadeiramente o que devemos ser connosco mesmos. Limito-me a recomendar uma virtude, tão querida pelo Senhor. Disse:      Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração. Arrisco-me a dizer um despropósito, mas sempre o digo: o Senhor tanto ama a humildade que, às vezes, permite pecados graves. Porquê? Para que, depois de os cometermos — esses pecados — depois, arrependidos, fiquemos humildes. Não temos assim vontade de nos julgarmos meios santos, meios anjos, depois de sabermos ter cometido faltas graves. O Senhor tanto recomendou: sede humildes! Mesmo que tenhais feito grandes coisas, dizei: "somos servos inúteis". A tendência, porém, em nós todos, é antes em sentido contrário: pormo-nos em vista. Mas devemos estar baixinhos, baixinha. Faço votos por que a vós suceda a mesma coisa.
Fonte: © Copyright 1978 - Libreria Editrice Vaticana





PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São PedroQuarta-feira, 26 de Agosto de 2015


Amados irmãos e irmãs, bom dia!
      Depois de ter reflectido sobre o modo como a família vive os tempos da festa e do trabalho, consideremos agora o tempo da oração. A reclamação mais frequente dos cristãos refere-se precisamente ao tempo: «Deveria rezar mais...; gostaria de o fazer, mas com frequência falta-me o tempo». Ouvimos isto continuamente. Sem dúvida, o desagrado é sincero porque o coração humano procura sempre a oração, até sem o saber; e se não a encontra não tem paz. Mas para que se encontrem é preciso cultivar no coração um amor «fervoroso» a Deus, um amor afetivo
.
Podemos fazer-nos uma pergunta muito simples. É positivo acreditar em Deus com todo o coração, esperar que nos ajude nas dificuldades, sentir-nos na obrigação de o agradecer. Tudo certo. Mas amamos um pouco o Senhor? O pensamento de Deus comove-nos, admira-nos, enternece-nos?
    Pensemos na formalidade do grande mandamento, que fundamenta todos os outros: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a sua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 5; cf. Mt 22, 37). A fórmula usa a linguagem intensiva do amor, derramando-o em Deus. Pois bem, o espírito de oração reside sobretudo aqui. E se reside aqui, permanece o tempo todo e nunca acaba. Conseguimos pensar em Deus como a carícia que nos mantém em vida, antes da qual nada existe? Uma carícia da qual nada, nem a morte, nos pode separar? Ou pensamos nele só como o grande Ser, o Todo-Poderoso que fez todas as coisas, o Juiz que controla cada acção? Naturalmente, tudo isto é verdade. Mas só quando Deus é o carinho de todos os nossos afectos, o significado destas palavras torna-se pleno. Então sentimo-nos felizes, e até um pouco confusos, porque Ele pensa em nós mas sobretudo ama-nos! Não é impressionante? Não é impressionante que Deus nos acaricie com amor de pai? É muito bonito! Podia simplesmente fazer-se reconhecer como o Ser supremo, apresentar os seus mandamentos e esperar os resultados. Mas Deus realizou e realiza infinitamente mais do que isto. Acompanha-nos no caminho da vida, protege-nos, ama-nos.
      Se o afeto a Deus não acender o fogo, o espírito da oração não aquecerá o tempo. Podemos inclusive multiplicar as nossas palavras, «como fazem os pagãos», diz Jesus; ou então exibir os nossos ritos, «como fazem os fariseus» (cf. Mt 6, 5.7). Um coração habitado pelo afecto a Deus torna oração até um pensamento sem palavras, ou uma invocação diante de uma imagem sagrada, ou um beijo lançado a uma igreja. É bonito quando as mães ensinam os filhos pequenos a lançar um beijo a Jesus ou a Nossa Senhora. Quanta ternura há nisto! Naquele momento o coração das crianças transforma-se em lugar de oração. E é um dom do Espírito Santo. Nunca nos esqueçamos de pedir este dom para cada um de nós! Porque o Espírito de Deus tem aquele seu modo especial de dizer no nosso coração «Abbá» — «Pai», ensina-nos a dizer «Pai» precisamente como o dizia Jesus, um modo que nunca poderemos aprender sozinhos (cf. Gl 4, 6). É em família que se aprende a pedir e apreciar este dom do Espírito. Se o aprendermos com a mesma espontaneidade com a qual aprendemos a dizer «pai» e «mãe», aprendê-lo-emos para sempre.       Quando acontece isto, o tempo da inteira vida familiar é envolvido no ventre do amor de Deus e procura espontaneamente o tempo da oração.
O tempo da família, como se sabe, é complicado e movimentado, ocupado e preocupado. É sempre pouco, nunca é suficiente, há muitas coisas para fazer. Quem tem uma família logo aprende a resolver uma equação que nem os grandes matemáticos sabem solucionar: em vinte e quatro horas fazem caber o dobro! Há mães e pais que poderiam ganhar o Nobel por esta razão. De 24 horas fazem 48: não sei como fazem mas movimentam-se e fazem-no! Há muito trabalho em família!
     O espírito da oração restitui o tempo a Deus, sai da obsessão de uma vida à qual sempre falta o tempo, reencontra a paz das coisas necessárias e descobre a alegria de dons inesperados. Boas guias para isto são as duas irmãs Marta e Maria, sobre as quais fala o Evangelho que ouvimos; elas aprenderam de Deus a harmonia dos ritmos familiares: a beleza da festa, a serenidade do trabalho e o espírito da oração (cf. Lc 10, 38-42). A visita de Jesus, ao qual amavam, era a sua festa. Contudo, um dia Marta aprendeu que o trabalho da hospitalidade, embora importante, não é tudo, mas ouvir o Senhor, como fazia Maria, era verdadeiramente essencial, a «melhor parte» do tempo. A oração brota da escuta de Jesus, da leitura do Evangelho. Não vos esqueçais, todos os dias de ler um trecho do Evangelho. A oração brota da intimidade com a Palavra de Deus. Existe esta confidência na nossa família? Temos o Evangelho em casa? Abrimo-lo às vezes para o ler juntos? Meditamo-lo, recitando o terço? O Evangelho lido e meditado em família é como um pão saboroso que nutre o coração de todos. E de manhã e à noite, e quando sentamos à mesa, aprendamos a fazer uma oração juntos, com muita simplicidade: é Jesus que vem entre nós, como ia visitar a família de Marta, Maria e Lázaro. Algo que me está muito a peito e vi nas cidades: há crianças que não aprenderam a fazer o sinal da cruz! Mas tu mãe, pai, ensina a criança a rezar, a fazer o sinal da cruz: esta é uma linda tarefa das mães e dos pais!
    Na oração da família, nos seus momentos fortes e nas passagens difíceis, confiemo-nos uns aos outros, para que cada um de nós, em família, seja protegido pelo amor de Deus.

Fonte: © Copyright  - Libreria Editrice Vaticana


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

FRASES DE SANTO AGOSTINHO



  1. *  Ninguém faz bem o que faz contra a vontade, mesmo que seja bom o que faz.
  2. O orgulho é a fonte de todas as fraquezas, por que é a fonte de todos os vícios.
  3. Dois homens olharam através das grades da prisão;
  4. um viu a lama, o outro as estrelas.
  5. A angústia de ter perdido, não supera a alegria de ter um dia possuído.
  6. ... conhece-se melhor a Deus na ignorância.
  7. Com o coração se pede. Com o coração se procura. Com o coração se bate e é com o coração que a porta se abre.
  8. O dom da fala foi concedido aos homens não para que eles enganassem uns aos outros, mas sim para que expressassem seus pensamentos uns aos outros.
  9. O mundo é um livro, e quem fica sentado em casa lê somente uma página.
  10. Se você crê somente naquilo que gosta no evangelho e rejeita o que não gosta, não é no evangelho que você crê, mas, sim, em si mesmo.
  11. A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las.
  12. Se o homem soubesse as vantagens de ser bom, seria homem de bem por egoísmo.
  13. Não há doente mais incurável do que aquele que não reconhece a sua doença.

SANTO AGOSTINHO


Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.

SANTO AGOSTINHO 

A Vida e as Obras

        Aurélio Agostinho destaca-se entre os Padres como Tomás de Aquino se destaca entre os Escolásticos. E como Tomás de Aquino se inspira na filosofia de Aristóteles, e será o maior vulto da filosofia metafísica cristã, Agostinho inspira-se em Platão, ou melhor, no neoplatonismo. Agostinho, pela profundidade do seu sentir e pelo seu gênio compreensivo, fundiu em si mesmo o caráter especulativo da patrística grega com o caráter prático da patrística latina, ainda que os problemas que fundamentalmente o preocupam sejam sempre os problemas práticos e morais: o mal, a liberdade, a graça, a predestinação.
Aurélio Agostinho nasceu em Tagasta, cidade da Numídia, de uma família burguesa, a 13 de novembro do ano 354. Seu pai, Patrício, era pagão, recebido o batismo pouco antes de morrer; sua mãe, Mônica, pelo contrário, era uma cristã fervorosa, e exercia sobre o filho uma notável influência religiosa. Indo para Cartago, a fim de aperfeiçoar seus estudos, começados na pátria, desviou-se moralmente. Caiu em uma profunda sensualidade, que, segundo ele, é uma das maiores conseqüências do pecado original; dominou-o longamente, moral e intelectualmente, fazendo com que aderisse ao maniqueísmo, que atribuía realidade substancial tanto ao bem como ao mal, julgando achar neste dualismo maniqueu a solução do problema do mal e, por conseqüência, uma justificação da sua vida. Tendo terminado os estudos, abriu uma escola em Cartago, donde partiu para Roma e, em seguida, para Milão. Afastou-se definitivamente do ensino em 386, aos trinta e dois anos, por razões de saúde e, mais ainda, por razões de ordem espiritual.

   Entrementes - depois de maduro exame crítico - abandonara o maniqueísmo, abraçando a filosofia neoplatônica que lhe ensinou a espiritualidade de Deus e a negatividade do mal. Destarte chegara a uma concepção cristã da vida - no começo do ano 386. Entretanto a conversão moral demorou ainda, por razões de luxúria. Finalmente, como por uma fulguração do céu, sobreveio a conversão moral e absoluta, no mês de setembro do ano 386. Agostinho renuncia inteiramente ao mundo, à carreira, ao matrimônio; retira-se, durante alguns meses, para a solidão e o recolhimento, em companhia da mãe, do filho e dalguns discípulos, perto de Milão. Aí escreveu seus diálogos filosóficos, e, na Páscoa do ano 387, juntamente com o filho Adeodato e o amigo Alípio, recebeu o batismo em Milão das mãos de Santo Ambrósio, cuja doutrina e eloqüência muito contribuíram para a sua conversão. Tinha trinta e três anos de idade.
       Depois da conversão, Agostinho abandona Milão, e, falecida a mãe em Óstia, volta para Tagasta. Aí vendeu todos os haveres e, distribuído o dinheiro entre os pobres, funda um mosteiro numa das suas propriedades alienadas. Ordenado padre em 391, e consagrado bispo em 395, governou a igreja de Hipona até à morte, que se deu durante o assédio da cidade pelos vândalos, a 28 de agosto do ano 430. Tinha setenta e cinco anos de idade.
     
   Após a sua conversão, Agostinho dedicou-se inteiramente ao estudo da Sagrada Escritura, da teologia revelada, e à redação de suas obras, entre as quais têm lugar de destaque as filosóficas. As obras de Agostinho que apresentam interesse filosófico são, sobretudo, os diálogos filosóficos: Contra os acadêmicos, Da vida beata, Os solilóquios, Sobre a imortalidade da alma, Sobre a quantidade da alma, Sobre o mestre, Sobre a música . Interessam também à filosofia os escritos contra os maniqueus: Sobre os costumes, Do livre arbítrio, Sobre as duas almas, Da natureza do bem .
     Dada, porém, a mentalidade agostiniana, em que a filosofia e a teologia andam juntas, compreende-se que interessam à filosofia também as obras teológicas e religiosas, especialmente: Da Verdadeira Religião, As Confissões, A Cidade de Deus, Da Trindade, Da Mentira.



Santa Mônica



Celebramos a memória desta grande santa, que nos provou com sua vida que realmente “tudo pode ser mudado pela força da oração”
               Santa Mônica nasceu no norte da África, em Tagaste, no ano 332, numa família cristã que lhe entregou – segundo o costume da época e local – como esposa de um jovem chamado Patrício.
Como cristã exemplar que era, Mônica preocupava-se com a conversão de sua família, por isso se consumiu na oração pelo esposo violento, rude, pagão e, principalmente, pelo filho mais velho, Agostinho, que vivia nos vícios e pecado. A história nos testemunha as inúmeras preces, ultrajes e sofrimentos por que Santa Mônica passou para ver a conversão e o batismo, tanto de seu esposo, quanto daquele que lhe mereceu o conselho: “Continue a rezar, pois é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas”.

   Santa Mônica tinha três filhos. E passou a interceder, de forma especial, por Agostinho, dotado de muita inteligência e uma inquieta busca da verdade, o que fez com que resolvesse procurar as respostas e a felicidade fora da Igreja de Cristo. Por isso se envolveu em meias verdades e muitas mentiras. Contudo, a mãe, fervorosa e fiel, nunca deixou de interceder com amor e ardor, durante 33 anos, e antes de morrer, em 387, ela mesma disse ao filho, já convertido e cristão: “Uma única coisa me fazia desejar viver ainda um pouco, ver-te cristão antes de morrer”.

Por esta razão, o filho Santo Agostinho, que se tornara Bispo e doutor da Igreja, pôde escrever: “Ela me gerou seja na sua carne para que eu viesse à luz do tempo, seja com o seu coração para que eu nascesse à luz da eternidade”.
Santa Mônica, rogai por nós!
Fonte:http://santo.cancaonova.com/

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Nossa Senhora Rainha dia 22 de agosto





22 de Agosto - Nossa Senhora Rainha


"O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus". Disse, então, Maria: "Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!" (Lc. 1,37-38).


Ainda Lucas, nos Atos dos Apóstolos, coloca Maria no meio dos apóstolos, recolhida com eles em oração. Ela constitui o vínculo que mantém unidos ao Ressuscitado aqueles homens ainda não robustecidos pelos dons do Espírito Santo. Pois a sua extraordinária humildade e fé total na palavra do anjo, que fez descer sobre a Terra um Deus ainda mais humilde do que ela. E, através de suas virginais virtudes e pureza de coração, Maria ficou ainda mais próxima de seu Filho. 

Maria é Rainha, porque é a Mãe de Jesus Cristo, o Rei. Ela é Rainha porque supera todas as criaturas em santidade. "Ela encerra em si toda a bondade das criaturas", diz Dante Alighieri, na Divina Comédia. 

Tudo que se refere ao Messias traz a marca da divindade. Assim, todos os cristãos veem, em Maria, a superabundante generosidade do amor divino, que a acumulou de todos os bens. A Igreja convida o povo a invocá-la não só com o nome de Mãe, mas também com aquele de Rainha, porque ela foi coroada com o duplo diadema, de virgindade e de maternidade divina.

A Virgem Maria Rainha resplandece em todos os tempos, no horizonte da Igreja e do mundo, como sinal de consolação e de esperança segura para todos os cristãos, já cobertos pela dignidade real do Senhor através do Batismo.

O Papa Pio XII instituiu em 1955 a festa da Virgem Maria Rainha, como consequência daquela de Cristo Rei. Inicialmente era celebrada no dia 31 de maio, mês de Maria, encerrando as comemorações com o coroamento desta singular devoção. O dia 22 de agosto era reservado à homenagem ao Coração Imaculado de Maria. Mas a Igreja, desejando aproximar a festa da realeza de Maria à da sua gloriosa assunção ao céu, inverteu estas datas a partir da última reforma do seu calendário litúrgico em 1969.
Fonte: www.paulinas.org.br 

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Assunção de Nossa Semhora



         A Festa da Assunção de Nossa Senhora




          A festa da Assunção de Nossa Senhora é uma das mais antigas da Igreja. No ano de 600 já a Igreja Católica festejava este dia de glória de Maria Santíssima.  A festividade de hoje lembra como a Mãe de Jesus Cristo recebeu a recompensa de suas obras, dos seus sofrimentos, penitências e virtudes.  Não só a alma, também o corpo da Virgem Santíssima fez entrada solene no céu. Ela, que durante a vida terrestre desempenhou um papel todo singular, entre as criaturas humanas, com o dia da gloriosa Assunção começou a ocupar um lugar no céu que  a distingue de todos os habitantes  da celeste Sião.
              
   Só Deus pode dar uma recompensa justa; só Ele pode remunerar com glória eterna serviços prestados aqui na terra; só Ele pode tirar toda a dor, enxugar todas as lágrimas e encher nossa alma de alegria indizível e dar-nos uma felicidade  completa. Que recompensa o Pai Eterno não teria dado àquela que por ele mesmo tinha sido eleita, para ser a Mãe do Senhor humanado? Se é impossível descrever as magnificências do céu, impossível é fazermos ideia adequada da glória que Maria Santíssima possui, desde o dia da Assunção. Se dos bem-aventurados do céu o último goza de uma felicidade infinitamente maior que a  do homem mais feliz no mundo, quanta não deve ser a ventura daquela que, entre todos os  eleitos, ocupa o primeiro lugar;  aquela  que pela Igreja Católica é saudada: Rainha dos Anjos, Rainha dos  Patriarcas, Rainha dos  Profetas, Rainha dos Apóstolos, dos Mártires, dos Confessores, das Virgens, Rainha de todos os  Santos!
                 
     Que honra, que distinção, que glória não recebeu Maria Santíssima pela sua gloriosa Assunção!  Esta distinção honra também a nós e é o motivo de  nos alegrarmos.  Maria, que agora é Rainha do Céu, foi o que nós somos, uma criatura humana e como tal, nasceu e morreu, como nós nascemos e  devemos morrer; mais que qualquer outra, foi provada pelo sofrimento, pela dor. Pela glória com que Deus a distinguiu, é honrado o gênero humano inteiro e  por isso a elevação de Maria à maior das  dignidades no céu é o motivo para nos regozijarmos.  Outro  motivo ainda de alegria temos no fato de Maria Santíssima  ser a  Medianeira  junto ao trono divino.
        
  O protestantismo não se cansa de repetir que a Igreja Católica adora os Santos. Doutrina da Igreja Católica é que os Santos podem interceder por nós, e que suas orações tem grande valor aos olhos de Deus;  por isto, devemos invocá-los e pedir-lhes a intercessão. Esta doutrina, baseada na Sagrada Escritura, é além disto mui racional.  Os Santos não são iguais em santidade e  por isto seu valor de intermediários não é o mesmo.  Entre todos os  habitantes da Jerusalém, a mais santa, a mais próxima de Deus  é Maria  Santíssima.  A intercessão de Maria deve,  portanto, ser mais agradável a  Deus e mais  valiosa para nós.  São Bernardino de Siena chama Maria Santíssima a  “tesoureira da  graça  divina”;  Santo Afonso vê em Maria  o “ refúgio e a  esperança dos  pecadores”, e a  Igreja Católica  invoca-a sob os títulos de “ Mãe da divina graça, Porta do céu. Advogada nossa”.  Maria Santíssima é a nossa Mãe, nossa grande medianeira, pelo fato de ser a Mãe de Jesus Cristo, nosso grande mediador.
             O dia de sua gloriosa Assunção é para nós um grande “Sursum corda”.  Levantemos os nossos corações ao céu, onde está nossa Mãe. Invoquemo-la  em  nossas  necessidades, imitemo-la  nas virtudes. Desta sorte, tornando-nos cada vez mais semelhantes ao nosso grande modelo, mais dignos seremos da sua intercessão e mais garantidos da nossa  salvação eterna.
          
  A Assunção de Nossa Senhora é uma verdade, que foi acreditada desde os  primeiros anos do cristianismo, e declarada  Dogma  em 1950 pelo Papa Pio XII.  Eis  um trecho de um sermão de São João Damasceno, sobre o mistério da ressurreição e Assunção de Nossa Senhora:  “Quando a alma da Santíssima Virgem se lhe separou do puríssimo corpo, os Apóstolos presentes em Jerusalém, deram-lhe sepultura em uma gruta do Getsêmani. Tradição antiquíssima conta que,  durante três dias, se ouviu doce cantar dos Anjos. Passados três dias não mais se ouviu o canto. Tento entretanto chegado também Tomé e desejando ver e venerar o corpo,  que tinha concebido o Filho de Deus, os Apóstolos  abriram o túmulo  mas não  acharam mais vestígio do corpo imaculado de Maria, Nossa Senhora.   Encontraram apenas as mortalhas, que tinham envolvido o santo corpo, e perfumes  deliciosos enchiam o ambiente. Admirados de tão grande milagre, tornaram a  fechar o sepulcro, convencidos de que Aquele  que quisera encarnar-se no seio puríssimo da Santíssima Virgem, preservara também da corrupção este corpo virginal e o honrara pela gloriosa assunção ao céu, antes da ressurreição geral”.
Fonte: Paginaoriente

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Santa Clara

Santa Clara trabalhou incansavelmente na Seara do Senhor durante seus
41 anos de vida monástica. Recebeu de seu Divino Esposo grandes graças
místicas. Foi favorecida com o  dom de operar milagres.
Inúmeros literatos, novelistas e romancistas ganharam celebridade narrando epopéias fictícias, produto de sua fértil imaginação. Nenhum deles, entretanto, seria capaz de inventar a história que Santa Clara deixou impressa no livro da vida, não imaginável pela mente humana..
A começar pela maneira como recebeu o nome de Clara, que significa Resplandecente. Pouco antes do seu nascimento, sua piSta Clara de Assis.jpgedosa mãe, rezando diante de um crucifixo pelo bom êxito de sua entrada no mundo, ouviu uma voz que lhe disse: “Não temas, darás ao mundo uma luz que tornará mais clara a própria luz. Por isso, chamarás Clara à menina”.
Luta para seguir a Vocação
Veio ela à luz em 11 de julho de 1193. Seus pais eram de família nobre e cavalheiresca, e donos de grande mfortuna. Desde tenra infância, causava admiração por suas virtudes, gostava da oração e desprezava os bens deste mundo. Jovem de grande formosura, de cabelos dourados e traços puros, muito cedo consagrou a Deus sua virgindade, desejosa de entregar-se por inteiro à Beleza infinita.
Na flor da mocidade, aos 16 anos, ouviu diversas vezes as pregações de um frade cuja conversão havia comovido toda a cidade de Assis: São Francisco. A exemplo de Nossa Senhora, Clara meditava em seu coração as palavras incisivas do jovem pregador e não tardou a compreender que estava chamada a imitá-lo na santa vida que ele levava. Resolveu, então, tudo abandonar para seguir aquela testemunha viva de Deus.
Seus pais, porém, tinham outros planos… Juntando à formosura, à nobreza e à riqueza um temperamento amável, essa moça tinha diante de si todas as possibilidades de um casamento brilhante e… proveitoso à família. Começou então para ela, não a luta de Santa Joana d’Arc nos campos de guerra, mas uma árdua batalha de palavras e atitudes para convencer seus pais a aceitarem uma decisão já tomada e irrevogável.
Filha e discípula de São Francisco
No domingo de Ramos de 1212, a jovem Clara se lançou numa aventura tão heróica que, a não ser inspirada pelo Espírito de Deus, faria tremer o mais audacioso dos Cruzados. Subtraindo- se à vigilância dos pais, acompanhada por uma parenta, foi ela confiar sua vocação ao bispo Guido, e seu porvir a um novo pai: São Francisco, o qual se tornou seu guia espiritual.
Diante da imagem de Santa Maria dos Anjos, a jovem renunciou ao mundo por amor ao Menino Jesus, posto numa pobre manjedoura. Cobriu-se de uma túnica de lã e cingiu-se de uma corda, à maneira dos frades franciscanos, aos quais entregou suas luxuosas vestes. O próprio São Francisco cortou sua cabeleira de ouro e ela cobriu a cabeça com um véu negro, calçou sandálias de madeira e pronunciou os votos.
Inconformados, seu pai e alguns parentes tentaram dissuadi-la de seguir o caminho por ela escolhido. Porém, firme na sua decisão, ela não se deixou em nada abalar pelos rogos e promessas que lhe fizeram. Quiseram, então, arrancá-la à força do Convento. Ela se pôs junto do altar e retirou o véu negro, mostrando-lhes a cabeça raspada, sinal do seu definitivo adeus ao mundo. /p>
A inconformidade da família cresceu quando sua irmã Inês, por força das orações de Clara, foi juntar-se a ela no mesmo ideal de vida. Nova investida dos parentes. Doze homens fortes e bem armados, comandados pelo tio Monaldo, receberam ordens do pai para trazer Inês de volta, ainda que por meios violentos. Diante daquela demonstração de força, as freiras de Santo Ângelo decidiram deixar a jovem partir.
Esta, porém, disposta a tudo, reagiu tenazmente à pretensão paterna. Arrastada pelos cabelos por um dos esbirros e espancada com brutalidade, ela gritava, pedindo socorro a Clara. A Santa rezava, invocando ajuda de Deus. De súbito, o corpo da moça torna-se pesado e rígido como um compacto bloco de pedra. Os doze robustos homens esforçam-se por arrastá-la. Tomado de fúria, o tio tenta esmagar-lhe a cabeça com suas luvas de ferro, mas fica com o braço paralisado no ar. Clara, então, aproxima-se, toma sua irmã toda esfolada, semimorta, e a reconduz ao convento. Perplexos, os agentes da prepotência paterna se retiram.
A partir deste fato, a família não mais pôs obstáculos à vocação das filhas. A fortaleza espiritual da virgem frágil havia mdomado a força bruta da matéria. Anos depois, outra irmã, Beatriz, foi juntar-se a elas no Convento de Santo Ângelo. Finalmente, Santa Clara teve a consolação de ver sua mãe e muitas outras damas da cidade entrarem pela via de santificação aberta por ela, nas pegadas de São Francisco.
Fundadora e Abadessa
São Francisco escreveu uma “Regra de Vida” para as freiras, a qual se resumia na prática da Pobreza Evangélica. E em 1215 obteve para elas a aprovação do Papa Inocêncio III. Nessa ocasião, Clara, por ordem expressa do Santo Fundador, aceitou o encargo de Abadessa. Estava fundada a Ordem das Clarissas.
Com a morte do seu pai, Clara herdou uma grande fortuna, da qual nada reteve para o convento. Distribuiua totalmente aos pobres. O Papa Gregório IX procurou fazê-la aceitar para si e para o convento alguns bens temporais, argumentando que podia, para esse fim, desligá-la do voto de pobreza. Ela respondeu:
— Santo Padre, desligai-me dos meus pecados, mas não da obrigação de seguir Jesus Cristo!
A mais perfeita imagem de São Francisco
Uma das mais admiráveis conquistas de São Francisco foi Santa Clara, cujo nome parecia projetar luz e cujo simples retrato, estampado numa das paredes da basílica de Assis, ainda hoje comove o visitante com seu encanto misterioso, penetrante e atraente. Assim como a Virgem Maria é o mais perfeito reflexo de Jesus Cristo, a Fundadora das Clarissas, à maneira feminina, projeta a imagem mais perfeita de São Francisco de Assis.
Imensa era a admiração de Santa Clara e suas filhas pelo seu Pai espiritual. Costumava ela dizer-lhe: “Dispõe de mim como te aSanta Clara de Asis Convento Clarisas Derio Vizcaya.jpgprouver. Estou às tuas ordens. Depois que fiz a Deus o sacrifício de minha vontade, não mais me pertenço!” Conta-nos o historiador Joergensen que, “não obstante a humildade do Santo, ele teve de reconhecer em que alto grau de admiração era tido por Clara e suas freiras, e de compreender como grande parte dos sentimentos religiosos delas se ligava a esta veneração para com sua pessoa”.
Instrumento para a realização de um plano de Deus
Um biógrafo de Santa Clara observa que, nessa época na qual a Cristandade começava a imergir num processo de decadência, o mundo já parecia decrépito e envelhecido. Escurecia-se a visão da Fé, vacilavam os costumes cristãos na sociedade, enfraquecia-se o vigor dos grandes empreendimentos pela glória de Deus e salvação das almas. O ressurgimento dos antigos vícios pagãos veio agravar essa decadência.

        A Cristandade tendia para a moleza, o relaxamento, a perda do senso do sobrenatural, e se inebriava com os bens materiais proporcionados pelo avanço da civilização.
Nesse contexto, interveio Deus, suscitando varões como São Francisco e São Domingos, verdadeiros luminares do mundo, mestres e guias dos povos. Com eles despontou um fulgor de meio-dia num mundo em ocaso. A Providência Divina não haveria de deixar sem ajuda o sexo mais frágil. Por isto, suscitou Santa Clara, acendendo nela uma luz claríssima e apresentando-a como modelo a ser imitado pelas mulheres. Os resultados não se fizeram esperar.
A santidade arrasta
Rapidamente se espalhou a fama de santidade de Clara. De toda parte as virgens acorriam a ela, querendo, a seu exemplo, se consagrarema Cristo. Não só isto. Tomadas de admiração pela virgindade, as mulheres já casadas sentiram um forte convite da graça para viverem mais castamente, segundo o seu estado. Nobres e ilustres senhoras, abandonando vastos palácios, construíram sentiram um forte convite da graça para viverem mais castamente, segundo o seu estado. Nobres e ilustres senhoras, abandonando vastos palácios, construíram mosteiros para neles viverem com grande honra, pelo amor de Cristo.
O encanto pela pureza foi reanimado até mesmo em rapazes, os quais, pelo exemplo de Santa Clara e suas filhas, passaram a desprezar os prazeres enganosos da carne e foram procurar a verdadeira felicidade nos mosteiros dos frades franciscanos ou dominicanos. Aquele século viu com admiração e espanto uma prodigiosa inversão de conceitos. Tornou-se comum ver mães oferecerem suas filhas a Cristo, ou as filhas arrastarem suas mães. A irmã atraía as irmãs; e a tia, as sobrinhas. Todas com fervorosa emulação desejavam servir a Cristo, em troca de uma parte nessa vida angelical que Clara fez brilhar nas trevas do mundo.
A novidade de tais sucessos correu pelo mundo inteiro, ganhando almas para Cristo em toda parte. Da clausura monástica, ela começou a iluminar todo o mundo. A fama de suas virtudes invadiu os salões das senhoras ilustres, chegou aos palácios das duquesas e penetrou nos aposentos das rainhas. A nata da nobreza passou a seguir suas pegadas. Santa Clara abrira o caminho para se propagar a observância da castidade no mundo, imprimindo uma vida nova ao estado de virgindade.
Austeridade alegre e feliz
A santa Abadessa era um exemplo vivo para suas filhas espirituais. Era a primeira a cumprir a regra na perfeição. À imitação de São Francisco, essas freiras praticaram austeridades até então desconhecidas do sexo feminino. Usavam um rústico cilício feito de crina de animal, andavam descalças, dormiam no chão, tendo por leito agressivos ramos e por travesseiro um duro pedaço de pau. Jejuavam nas vigílias de todas as festas da Igreja, passavam a pão e água todo o tempo da Quaresma. Durante o Advento — 11 de novembro ao dia de Natal — não tomavam alimento algum nas segundas, quartas e sextas-feiras. E ainda se submetiam a rudes disciplinas. Em meio a todas essas austeridades, nada se notava de melancolia ou tristeza em Santa Clara. Pelo contrário, seu rosto era sempre jovial, radiante de felicidade, cheio de encantadora serenidade e doçura, só falando de coisas alegres.
À imitação do Redentor, ela lavava os pés das irmãs, servia a mesa e cuidava das enfermas, principalmente daquelas vítimas das doenças mais repugnantes. Ela mesma freqüentemente doente, entretanto, nunca deixava de trabalhar. Quando não podia se levantar, acomodava-se no leito e punha-se a bordar paramentos para as igrejas pobres.
A formação diária das Irmãs
Morte de Santa Clara de Assis.jpg
Morte de Santa Clara de Assis, 
por Murillo, século XVII
A santa Fundadora formava suas filhas espirituais com a pedagogia aprendida do Divino Mestre. Primeiro, mostrava-lhes como afastar da alma toda agitação, para poderem firmar-se somente na intimidade de Deus. Depois, ensinava-as a não se deixarem levar pelas lembranças dos ambientes sociais que deixaram, para viverem só para Cristo. Tinha cuidado em lhes fazer notar como o demônio insidioso arma laços ocultos para as almas puras e fervorosas, diferentes das tentações com que procura levar ao pecado as pessoas mundanas. Queria que todas tivessem tempos certos de trabalhos manuais, para fugir do torpor da negligência.
No seu convento, eram perfeitas a observância do silêncio e a prática da honestidade. Entre essas virgens, não havia conversas vãs nem palavras levianas ou frívolas. A própria mestra, de poucas palavras, resumia em alocuções breves a abundância de sua mente.
“Vai em paz, minha alma!”
Santa Clara trabalhou incansavelmente na Seara do Senhor durante seus 41 anos de vida monástica. Recebeu de seu Divino Esposo grandes graças místicas. Foi favorecida com o dom de operar milagres, do qual fez uso largamente em benefício de inúmeros doentes. O próprio Papa — que bem sabia como é livre o acesso das virgens puras à presença da Divina Majestade — muitas vezes dirigia-se a ela, pedindo suas valiosas orações. E sempre foi prontamente atendido.
Os rigores da regra, as fadigas dos muitos trabalhos, a vida de mortificação levaram-na a contrair uma incômoda enfermidade que ela carregou com ufania ao longo dos últimos 28 anos de sua vida. Em seu leito de morte, teve a graça insigne de receber a visita do Papa Inocêncio IV, acompanhado de seus cardeais. Entregou sua luminosa alma a Deus no dia 11 de agosto de 1253, aos 60 anos de idade.
Sua última conversa foi com sua própria alma: “Vai em paz minha alma! Tens um guia seguro que te mostrará o caminho: Aquele que te criou, santificou, amou e não cessou de vigiar com ternura de uma mãe que zela pelo filho único de seu amor. Dou graças e bendigo ao Senhor porque Ele criou a minha vida”. Ouvindo-a falar, uma irmã lhe perguntou:
— Com quem conversavas, minha Madre?
— Com minha alma — respondeu a Santa.
Em 1255, menos de dois anos após sua morte, foi incluída no catálogo dos santos pelo Papa Alexandre IV, ante a evidência dos milagres obtidos através de sua intercessão. Desde então, é uma lâmpada colocada sobre o candelabro para iluminar todos os que habitam a casa do Senhor.

Fonte:http://www.arautos.org/