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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Primeira Catequese sobre a Misericórdia segundo a perspectiva bíblica!

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Sala Paulo VI
Quarta-feira, 13 de Janeiro de 2016
Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje começamos as catequeses sobre a misericórdia segundo a perspectiva bíblica, de maneira a aprender a misericórdia, ouvindo aquilo que o próprio Deus nos ensina mediante a sua Palavra. Comecemos a partir do Antigo Testamento, que nos prepara e nos conduz à plena revelação de Jesus Cristo, em quem se manifesta a misericórdia do Pai.
Na Sagrada Escritura, o Senhor é apresentado como «Deus misericordioso». Este é o seu nome, através do qual Ele nos revela, por assim dizer, a sua face e o seu coração. Como narra o Livro do Êxodo, revelando-se a Moisés, Ele mesmo assim se define:«Deus compassivo e misericordioso, lento para a ira, rico em bondade e em fidelidade» (34, 6). Inclusive noutros textos voltamos a encontrar esta fórmula, com algumas variações, não obstante se ponha sempre a ênfase na misericórdia e no amor de Deus, que nunca se cansa de perdoar (cf. Gn 4, 2; Gl 2, 13; Sl 86, 15; 103, 8; 145, 8; Ne 9, 17). Vejamos juntos, uma por uma, estas palavras da Sagrada Escritura que nos falam de Deus.


O Senhor é «misericordioso»: este vocábulo evoca uma atitude de ternura, como a de uma mãe pelo seu filho. Com efeito, o termo hebraico usado pela Bíblia leva a pensar nas vísceras, ou então no ventre materno. Por isso, a imagem que sugere é a de um Deus que se comove e sente ternura por nós, como uma mãe quando pega o seu filho ao colo, unicamente desejosa de amar, proteger e ajudar, pronta a doar tudo, até a si mesma. Esta é a imagem que este termo sugere. Portanto, um amor que se pode definir, no bom sentido, «visceral».
Depois, está escrito que o Senhor é «compassivo», no sentido que concede a graça, tem compaixão e, na sua grandeza, se debruça sobre quantos são frágeis e pobres, sempre pronto a acolher, compreender e perdoar. É como o pai da parábola tirada do Evangelho de Lucas (cf. Lc 15, 11-32): um pai que não se fecha no ressentimento pelo abandono do filho mais novo mas, ao contrário, continua a esperar por ele — foi ele que o gerou! — e depois corre ao seu encontro e abraça-o, nem sequer o deixa terminar a sua confissão — como se lhe tapasse a boca — tão grandes são o amor e a alegria por o ter reencontrado; e em seguida vai chamar também o filho mais velho, que se sente indignado e não quer festejar, o filho que permaneceu sempre em casa mas vivia mais como um servo do que como um filho, e o pai debruça-se inclusive sobre ele, convida-o a entrar e procura abrir o seu coração ao amor, a fim de que ninguém seja excluído da festa da misericórdia. A misericórdia é uma festa!
Deste Deus misericordioso também se diz que é «lento para a ira», literalmente, tem um «longo respiro», ou seja, o amplo respiro da longanimidade e da capacidade de suportar. Deus sabe esperar, os seus tempos não são os tempos impacientes dos homens; Ele é como o sábio agricultor que sabe esperar, dá tempo à boa semente para crescer, não obstante o joio (cf. Mt 13, 24-30).
E finalmente, o Senhor proclama-se «rico em bondade e em fidelidade». Como é bonita esta definição de Deus! Ela contém tudo. Porque Deus é grande e poderoso, mas esta grandeza e poder revelam-se no amor a nós, que somos tão pequeninos, tão incapazes. A palavra «amor», aqui utilizada, indica o carinho, a graça, a bondade. Não se trata do amor das telenovelas... É o amor que dá o primeiro passo, que não depende dos méritos humanos, mas de uma imensa gratuitidade. É a solicitude divina que nada pode impedir, nem sequer o pecado, porque ela sabe ir mais além do pecado, derrotar o mal e perdoá-lo.
Uma «fidelidade» sem limites: eis a derradeira palavra da revelação de Deus a Moisés. A fidelidade de Deus nunca esmorece, porque o Senhor é o Guardião que, como recita o Salmo, não adormece mas vigia continuamente sobre nós, para nos levar à vida:
«Ele não permitirá que os teus pés vacilem; 
não adormecerá aquele que te guarda. 
Não, não dormirá, não cairá no sono 
a sentinela de Israel.
[...]. 
O Senhor proteger-te-á de todo o mal; 
Ele velará sobre a tua alma. 
O Senhor guardará os teus passos, 
agora e para sempre» (Sl 121, 3-4.7-8).

Este Deus misericordioso é fiel na sua misericórdia e são Paulo diz algo muito bonito: ainda que tu não lhe sejas fiel, contudo Ele permanecer-te-á fiel, porque não pode renegar-se a si mesmo. A fidelidade na misericórdia é precisamente o ser de Deus. E por isso Deus é totalmente e sempre confiável. A sua presença é firme e estável. Eis em que consiste a certeza da nossa fé. E então, neste Jubileu da Misericórdia, confiemo-nos inteiramente a Ele, e experimentemos a alegria de ser amados por este «Deus compassivo e misericordioso, lento para a ira, rico em bondade e em fidelidade».

Fonte: © Copyright - Libreria Editrice Vaticana

domingo, 17 de janeiro de 2016

No dia 11 de janeiro de 2016 - 1585 anos da Proclamação do Dogma da Maternidade de Maria

1585 Anos da proclamação do Dogma da Maternidade divina de Maria

    
   Começamos a elencar com os 1585 anos da proclamação do Dogma da Maternidade divina de Maria.
Foi exatamente durante o ano de 431, no Concílio Ecumênico de Éfeso, que se chegou a definição dogmática que em Jesus Cristo não existe uma só natureza na sua concepção no ventre da Virgem Maria. No seu seio, se uniu a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, isto é o Filho de Deus que é divino, com a humanidade, dando “origem” a uma só pessoa. Em Jesus Cristo não existe divisão ou diminuição das naturezas humano e divina, Ele é único. Tudo acontece com a colaboração de Maria de Nazaré, a Cheia de Graça que se torna, Serva e Mãe por toda a vida.
O Concilio de Éfeso, sob a orientação de Cirilo de Alexandria, no ano de 431, se reúne com os padres conciliares para defender a fé católica contra as opiniões deformadas de Nestório. Este afirmava que Maria não devia ser chamada Mãe de Cristo homem e não deveria ser chamada de Mãe de Deus. Para ele, Jesus como ser humano na concepção no seu nascimento, adolescência se tornou Deus depois do seu batismo. Tal tese fragilizava toda a fé cristã transmitida pelas Escrituras e pela Tradição. O vínculo humano de Jesus Cristo é indissolúvel com a Virgem nazarena. Com ela, por ela toda a humanidade é resgatada, concedendo a Maria o título de Nova Eva.
Junta-se a tão alta comemoração os seguintes eventos marianos:
140 Anos das aparições de Pellevoisin;
140 Anos da aprovação do «Ofício da Imaculada Conceição» pelo Papa Pio IX;
145 Anos das aparições de Pontmain;
170 Anos das aparições de Nosso Senhor a Ir. Justina, irmã de Caridade de S. Vicente de Paulo, ao qual promove o «Escapulário da Paixão»;
170 Anos das aparições de La Salette;
300 Anos da morte de São Luís de Monfort, grande apóstolo mariano;
485 Anos das aparições de Guadalupe;
785 Anos do nascimento de Santo Antônio de Pádua, grande defensor da «Assunção de Maria»;
890 Anos da morte do monge beneditino, Eadmero de Cantuária, autor do primeiro «Tratado sobre a Imaculada Conceição».
Outrora existia a festa da maternidade divina de Maria, a 11 de Outubro, instituída pelo Papa Pio XI e que foi supressa com a reforma litúrgica do Concilio Vaticano II, ficando tal festividade no dia 19 de Janeiro. Mas a festa de 19 de Janeiro é antiquíssima onde, já no século VI se fazia a comemoração deste privilégio mariano.
Que este ano de 2016, proclamado como ano extraordinário da Misericórdia, possamos ver o quanto Deus operou em Maria e que, por consequência ainda opera em nós. Que os filhos e filhas da Igreja ajam com mais misericórdia e perdão ao filhos e filhas, dentro e fora dela tão necessitados. A esmola externa não supre a esmola que devemos sempre dar no interno da Igreja, pois a esmola externa pode ser um paliativo, uma mascara, enquanto a verdadeira misericórdia está dentro dos claustros da Igreja.
Dom Rafael Maria, osb é Doutor em “Mariologia” pela Pontifícia Faculdade Teológica Marianum-Roma e Postulação para Causa dos Santos, pela Congregação da Causa dos Santos – Cidade do Vaticano. Leciona um «Curso de Mariologia» via internet, cf. www.cursoscatolicos.com.br
 Fonte: Zenit